Morre aos 87 anos o flautista e compositor Altamiro Carrilho

  - Da RadionaInternet.com.br -

O músico Altamiro Carrilho, de 87 anos, morreu de câncer, na manhã desta quarta-feira (15/8), no Rio de Janeiro  
Natural de Santo Antônio de Pádua, o flautista teve sua iniciação no mundo da música cedo, aos cinco anos ele já tirava som de uma flauta de bambu. A partir dos anos 70, ele foi bastante requisitado para tocar com cantores da MPB em shows e também em gravações de CD.



Altamiro Aquino Carrilho nasceu em 21 de dezembro de 1924, foi músico, compositor e flautista brasileiro. Este flautista virtuoso transversal já gravou mais de cem discos, compôs cerca de duzentas canções e já se apresentou em mais de quarenta países difundindo o choro brasileiro.

Ele chegou a compor mais de 200 canções, entre elas, versões de peças eruditas escritas por Bach, Beethoven, Mozart e Tchaikovski.



Altamiro se apresentou em maio na capital federal. O músico veio para participar do projeto Meu caro amigo Chico Buarque do Clube do Choro.

Grandes flautistas da cidade, dentre os quais Bené da Flauta, Beth Ernest Dias e Sérgio Moraes subiram ao palco para homenageá-lo e o conjunto Choro Livre acompanhou os músicos e algumas “canjas” do Mestre. Foto: Maythe Souza.
Foram três dias de apresentações. Na época, uma das fundadoras do Clube do Choro rasgou elogios ao flautista. ""Não tenho dúvida que, depois de Pixinguinha, Altamiro Carrilho foi o melhor flautista que ouvi. Ultimamente, tenho voltado aos discos dele e fico impressionada com a técnica que criou para tocar o instrumento", afirmou Dolores Tomé.



Casa lotada, discípulos reverentes, público vibrante, música de primeira e intensas emoções marcaram, por três noites memoráveis, a presença jovial, empática e extremamente bem humorada de Altamiro Carrilho pelo Clube do Choro de Brasília.



MEMÓRIA - MOMENTOS INESQUECÍVEIS DE ALTAMIRO CARRILHO. ASSISTA:

ALTAMIRO CARRILHO, UMA LINDA HISTÓRIA!
 - Do musicosdobrasil.com.br - 



Altamiro Carrilho viveu a vida como se, desde o primeiro movimento, ela fosse escrita em um pentagrama. 
Sua mãe se chamava Lira, o símbolo da música. Em todos os aspectos, familiares e geográficos, sua trajetória sempre esteve ligada à música. “Eu sou descendente de uma família pelo lado materno em que todos eram músicos, desde o meu tataravô. Bisavô, avós, tios, primos...”.



Com a simplicidade de quem se diz um homem do interior, Altamiro narrou sua história como que improvisando na flauta. “O meu tio mais velho era o maestro da banda 'Lira Árion'. Os outros cinco músicos eram seus irmãos. Então, eu fui criado no meio de músicos e de música: morava perto da sede da banda, assistia aos ensaios... E fui me entusiasmando pelos sons dos instrumentos, diferenças de timbre, altura, afinação, a forma como meu tio conseguia harmonizar aquilo tudo, dirigir. Se um músico errava uma nota, ele dizia, o trompete trocou a nota aí, aquela coisa. Eu fui criado dentro desse clima e, aos nove anos de idade, já estava tocando caixa tarol na banda. Tocar percussão ajudou muito na minha trajetória”.



A primeira flauta foi um presente de Natal. “Com cinco anos de idade comecei a tocar uma flautinha de lata que Papai Noel trouxe pra mim”.



A destreza que o filho exibiu na flautinha de lata convenceu os pais de que o talento precoce de Altamiro precisava ser lapidado com aulas. Mais uma vez o destino bateu à porta de Altamiro, como que compondo outro compasso dessa vida musical.



“Eu comecei a fazer as minhas próprias flautinhas: serrava perto do ombro do bambu, deixava toda a parte aberta, e ia furando com um ferro quente. Furava e tocava, tirava uns sons agradáveis tocando sozinho em casa. Nessa época, eu morava em Niterói. Um dia, o carteiro que entregava a nossa correspondência parou, deu as cartas pra minha mãe e de repente perguntou: ‘Que som bonito! Quem toca flauta aí na sua casa?’. Minha mãe respondeu: ‘Não é flauta profissional não, é uma flautinha de bambu, o meu filho mesmo que faz e tal, assim, assim’... O carteiro pediu para me conhecer. E lá vim eu com a flautinha na mão, menino, onze anos por aí... O carteiro me perguntou se eu queria estudar flauta. Eu disse quero, e ele começou a me dar aulas gratuitas. Ainda emprestava a flauta transversa dele para que eu estudasse. Em casa, eu me virava com a flautinha de bambu mesmo”.



Nas aulas gratuitas que recebia do carteiro, aprendeu pela primeira vez a teoria musical. Altamiro se empenhava, embora tivesse pouco tempo para estudar já que, além de freqüentar a escola, ainda trabalhava na farmácia do tio. Foi nesse emprego que ele conseguiu economizar parte do salário para comprar o primeiro instrumento.



“Era uma flauta velha, mas muito velha, eu acho que era de milésima, ou coisa parecida, toda amarrada de elástico, as molas quebradas, destemperadas, sapatilha rasgada...”.



A necessidade de consertar a flauta, certamente revelou a Altamiro alguns segredos do instrumento. “Foi uma luta, eu tive que fazer uma coisa de cada vez, sapatilha, as molas e o elástico. Quando eu não consegui mais dinheiro para mudar todas as molas, que era o mais caro, tinha que desmontar o instrumento. Então, eu fui amarrando com elástico, desse elástico que os bancos usam pra amarrar dinheiro, e ali eu fui amarrando as chaves pra substituir a nota”.



Com a flauta remendada, Altamiro resolveu ganhar o mundo. A porta de entrada foram os programas de calouros. Venceu todos de que participou até chegar ao maior desafio que músicos promissores poderiam enfrentar nos anos de ouro do rádio brasileiro. “Eu disse: agora vai ser a prova final e me inscrevi no ‘Calouros em Desfile’, de Ary Barroso , que não perdoava nada. Já havia oito semanas que ninguém ganhava o primeiro prêmio. Eu, quando eu ouvi pelo rádio que estava acumulado, sete semanas em que ninguém conseguia o primeiro prêmio e tal, já ia pra oitava semana, eu me inscrevi, com a coragem mesmo de um gigante, mas tranqüilo. Eu estudei com afinco a semana inteira, o professor, o carteiro Joaquim Fernandes, deixou a flauta comigo... Ele acreditava em mim, me incentivava muito, me orientava, ‘Olha, está quase bom, aqui nesse trechinho você deveria tocar um pouquinho mais suave, para aparecer o grave, sair mais bonito e mais exótico, fica um som fica ainda mais exótico, um som imitando os indígenas’.



A peça escolhida por Altamiro foi uma música de Dante Santoro . “Era a ‘Harmonia selvagem’, uma música difícil de executar, mas eu tinha uma facilidade no dedilhado incrível, uma coisa espontânea, ninguém me ensinou técnica de sopro, de embocadura, de nada, eu descobri tudo sozinho. Então, eu fui ao programa do Ary Barroso , fiz uma prece, disse ‘pé na tábua Altamiro, agora é sua vez’. Comecei a tocar, estava indo bem quando, de repente, no meio da música, arrebentou um dos elásticos que suspendia a nota que dava o fá sustenido. O fá sustenido falhava toda vez que eu tocava, as outras notas todas limpas, as dificuldades todas vencidas, só falhando no fá. Ary Barroso  percebeu: ao invés do gongo que ele teria dado a outra pessoa qualquer, ele me deixou continuar até o fim. Eu terminei, o auditório aplaudiu muito, aquela coisa toda, e Ary disse assim: ‘Meu filho vem cá’ - com aquele jeito dele -, ‘você só falhou uma determinada hora e tocou a música maravilhosamente, você tocou bem, essa música é difícil... Aí eu contei rapidamente a minha história, ele me olhou e foi falando: ‘Isso é uma porta de lavanderia, isso não é uma flauta... Eu vou fazer uma coisa, vou te dar uma nova oportunidade, vai lá pra dentro, se acalma um pouco, relaxa um pouco e você vai voltar ao programa pra tocar novamente essa mesma música. Ô contra-regra, arranja aí um elástico pro garoto’. Ele me arrumou um elástico, eu consertei a flauta”.



Altamiro foi o último finalista a ser chamado para se apresentar. Ary, de forma proposital deixou o garoto para encerrar o programa.



“Ele me chamou com toda alegria: ‘e agora o garoto da flauta amarrada de elástico’. O auditório me recebeu como se eu fosse um profissional. Aí é que foi também a minha surpresa maior, porque eu toquei limpo, mas limpo, parecia uma gravação. Até o conjunto de Rogério Guimarães, na época, que era o conjunto dele que fazia o programa, me aplaudiu. Quando olhei, fiquei feliz com aquilo, aquela reação geral até dos músicos”.



A reação da platéia e dos músicos antecipou o final do concurso: Altamiro Carrilho levou para casa uma pequena fortuna.



“Era muito dinheiro, oito prêmios acumulados. E foi um incentivo incrível: com o dinheiro deu para comprar uma flauta decente. Não preciso nem dizer que foi a primeira coisa que eu fiz... Aliás, segunda, a primeira foi encher a dispensa, que a dispensa não tava lá muito boa. Serviu para ajudar meus irmãos já que o meu pai estava doente na época... Daí por diante eu fiquei muito animado, em todo lugar que eu ia era muito aplauso... Foi assim que o Moreira da Silva me descobriu”.



Moreira da Silva precisava de acompanhamento de bandolim e flauta para fazer as introduções de suas músicas e chamou o menino Altamiro.

“Eu avisei que era amador, mas o dono do conjunto disse que não fazia mal porque eu tocava muito bem. Tinha 14 anos quando entrei pela primeira vez num estúdio de gravação. Era o estúdio da Odeon, na Rua Visconde de Mário Bloch, uma rua na Lapa. Lá estava eu no meio de profissionais, o melhor conjunto do Brasil, o conjunto de Benedito Lacerda . Benedito já estava bem doente, eu fui o substituindo devagarzinho. Moreira da Silva conversou com Benedito pelo telefone, explicou que queria dar oportunidade a um novo flautista, que era um talento, ele não ficou aborrecido. Gravei, agradei, o diretor da fábrica me apresentou a outro diretor da fábrica, o outro me deu um cartão pra eu ir a outra, enfim, todos colaboraram pra que eu conseguisse gravar o primeiro disco. Aí engrenou”.



Nos primeiros anos de estudo com seu Joaquim, Altamiro estudou pelo “Método de Garibaldi”, especial para solfejo. Quando, com a mesma sorte e oportunidade dos anos iniciais, encontrou seu segundo professor, as aulas ganharam um ritmo bem mais intenso. “O Moacir Lisserra, da Escola Nacional de Música, me recebia em casa, porque não tinha tempo para me dar aulas lá no Conservatório. Ele marcou uma vez por semana para eu ir até a casa dele, lá em Santa Teresa. Pegava aquele bondinho, ia lá, e o Moacir, ao invés de me dar uma aula de meia hora, quarenta minutos, dava uma aula de três horas. Detalhe: não recebia um tostão, não queria receber pelas aulas, eu disse, ‘mas por que professor, assim eu fico encabulado, fico sem jeito’. E ele encerrou o assunto falando ‘você merece, quando eu peço pra você estudar uma página, você estuda três, me trás três páginas ao invés de uma, isso é muito bom pra você e pra mim, porque você vai sair fora desses estudos muito rápido’”.



Logo depois, Altamiro, inquieto, curioso e ousado, foi procurar o mais conhecido e respeitado dos flautistas brasileiros dos anos 1930 e 40: se não ganhou aulas, ganhou novas oportunidades. “Eu fui agradecer ao Benedito Lacerda  por ele ter permitido que eu gravasse no lugar dele, e acabei o substituindo num conjunto famoso que era do Canhoto  (Waldyro Tramontano), mas essa é outra história...”.



“Além de Moacir Lisserra, que era o mais famoso professor da época, estudei com Celso Woltzenlogel , que até editou um método recentemente (n. e.: “Método Ilustrado de Flauta”, Ed. Irmãos Vitale); com Ari Ferreira, primeiro flautista da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal. E só assim, professores de primeiríssima linha. Eu procurava porque eu digo ‘bom, o que os outros menores sabem eu também já sei, então tem que puxar o carro à frente’. Até que apareceram umas viagens para o exterior e eu tive aulas com um professor russo. Ele falava um pouco de português, um português espanholado que ele aprendeu com um argentino, ele era professor de flauta da Escola Nacional de Música de Moscou”.



A viagem para o exterior à qual Altamiro se refere foi a que ele fez como integrante de um grupo de músicos patrocinado pelo governo brasileiro. A caravana tinha o objetivo de divulgar nossa música nos Estados Unidos e na Europa. Como já estava se tornando rotina, Altamiro de destacou pela enorme musicalidade e conseguiu novas oportunidades no exterior



“Eu já sabia percussão por intuição, aquilo serviu muito pra mim, com a relação à divisão a percussão ajuda muito. Nas gravações, todo tipo de ritmo diferente eu fazia. Foi aí que, na Inglaterra, uma cadeia de rádio encomendou um disco só de ritmos típicos brasileiros, sem mistura nenhuma. Alguém falou, ‘só quem pode resolver esse abacaxi aí é o Altamiro, que está acostumado com regional, com bandinha, com banda de reco-reco, com o que vier’. Eu fazia porque tinha facilidade para assimilar ritmos. Fizemos então uma gravação com quinze ritmos diferentes, teríamos muito mais pra fazer, trinta, quarenta, mas eles quiseram quinze, os mais significativos que os brasileiros tocavam e curtiam mais, então nós fizemos quinze diferentes. Eu fiz os arranjos lá na hora, distribuí um rascunhozinho pra cada um, manuscrito mesmo, e gravamos. A diretora da rádio gostou tanto, que nos deu um cachê dobrado... Isso aí foi uma das passagens bonitas.



Depois, estive pelos Estados Unidos, estive pela Europa quase toda, os principais países da Europa, sempre patrocinado pelo governo brasileiro, que era uma lei Humberto Teixeira, aquela caravana famosa do deputado Humberto Teixeira, do qual nós temos muita saudade (n.e.: Humberto Teixeira, famoso parceiro de Luiz Gonzaga, foi deputado federal e, em 1958, conseguiu aprovar no Congresso Nacional uma lei para que o governo federal patrocinasse viagens de caravanas de músicos brasileiros para divulgar a música brasileira no exterior. Entre os músicos dessas caravanas estavam Waldir Azevedo , Sivuca  e Leo Peracchi)”.



Altamiro tocou com os maiores músicos do mundo, populares e eruditos, e diz que aprendeu muito com eles. Mas um merece um comentário especial.



“Tem um que eu admirava muito e no fim ele passou a ser meu admirador também, ficamos amigos como pai e filho: foi Benedito Lacerda . Tem até uma história interessante: eu já estava na Rádio Tamoio, ele me ouviu e disse para a esposa: ‘- Ô Ondina, eu estou tocando, mas eu não conheço essa música, quando foi que eu gravei essa música?’. A esposa respondeu ‘não, meu querido, não é você não, quem está tocando é um garoto que se chama Altamiro Carvalho, não entendi bem o sobrenome, mas é Altamiro o primeiro nome, ele é do regional de Cesar Moreno, não é solista conhecido não’. Benedito então comentou, ‘mas ele tá muito parecido comigo, eu não me conformo com isso!”. Quando terminou a música o locutor falou, ‘vocês acabaram de ouvir, com o conjunto de Cesar Moreno e Altamiro Carrilho na flauta, a música x’... Ele não agüentou: vestiu um blusão, tirou o carro da garagem, e foi lá na Rádio Tamoio me conhecer pessoalmente. Dali em diante a nossa amizade foi aumentando cada vez mais, até eu freqüentar a casa dele num determinado dia da semana. A gente tomava lanche, aí ele escolhia uma música pra duas flautas e tocava junto comigo.

O nosso estilo era idêntico, eu gostava do estilo dele, então procurava fazer uma imitaçãozinha discreta. Isso eu quero deixar bem claro, eu estava procurando o meu caminho, mas o caminho mais curto seria puxar o estilo dele que era o melhor de todos, mais alegre, ele tocava com muita disposição, com muita alegria, embora não fosse um técnico, não era um concertista, mas era o músico popular mais respeitado”.





Discografia de Altamiro Carrilho


Juntos (2002) (participação/Dois no Choro, EUA)

Millenium (2000)

Flauta Maravilhosa (1996)

Brasil Musical - Série Música Viva - Altamiro Carrilho e Artur Moreira Lima (1996)

Instrumental No CCBB- Altamiro Carrilho e Ulisses Rocha (1993)

Cinqüenta anos de Chorinho (1990)

Bem Brasil (1983)

Clássicos em Choro Vol. 2 (1980)

Clássicos em Choro (1979)

Altamiro Carrilho (1978)

Antologia da Flauta (1977)

Antologia do Chorinho Vol. 2 (1977)

Antologia da Canção Junina (1976)

Antologia do Chorinho (1975)

Pixinguinha, de Novo - Altamiro Carrilho e Carlos Poyares (1975)

A flauta de prata e o bandolim de ouro - Altamiro Carrilho e Niquinho (1972)

A furiosa ataca o sucesso (1972)

Dois bicudos (1966)

Altamiro Carrilho e sua bandinha no Largo da Matriz (1966)

A banda é o sucesso (1966)

Choros imortais nº 2 (1965)

Uma flauta em serenata (1965)

Altamiro Carrilho e sua bandinha nas Festas Juninas (1964)

No mundo encantado das flautas de Altamiro Carrilho (1964)

Choros imortais (1964)

Recordar é Viver Nº 2(1963)

Bossa Nova in Rio (1963)

Recordar é Viver nº 3 (1963)

A Bandinha viaja pelo Norte (1962)

Vai Da Valsa (1961)

Desfile de Sucessos (1961)

O melhor para dançar - Flauta e Órgão (1961)

Era só o que flautava (1960)

A bordo do Vera Cruz (1960)

Parada de Sucessos (1960)

Chorinhos em desfile (1959)

Dobrados em desfile (1959)

Boleros em desfile nº 2 (1959)

Altamiro Carrilho e sua bandinha na TV - nº 2 (1958)

Homenagem ao Rei Momo (1958)Boleros em Desfile (1958)

Enquanto houver amor (1958)

Recordar é viver (1958)

Revivendo Pattápio (1957)

Altamiro Carrilho e sua flauta azul (1957)

Ouvindo Altamiro Carrilho (1957)

Natal (1957)

Altamiro Carrilho e sua bandinha na TV (1957)







VALEU, ALTAMIRO!!!